“Estava mal habituado.” Pedro Nuno Santos diz que teoria da cabala contra Governo é “ridícula”
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Pedro Nuno Santos considera que Luís Montenegro não respondeu às perguntas colocadas no debate da moção de censura e está a avaliar “se existe outra forma de chegar às respostas” tendo em conta que o primeiro-ministro não voltou a falar sobre o assunto.
A somar a isso, em reação ao artigo do Observador que dá conta de que Luís Montenegro, perante a sucessão de casos e casinhos no Governo, aponta o dedo a interesses no imobiliário e nos media, o líder do PS considera que é “suficientemente grave para que o Governo sinta a necessidade de confirmar ou de desmentir“.
“O Governo estava mal habituado“, atirou Pedro Nuno Santos numa conferência de imprensa em que foi questionado sobre a notícia em causa e disse “não [ser] aceitável na nossa democracia é que se tente condicionar a comunicação social” — o que o levou até a desafiar o Governo a vir dizer se é ou não verdade que Luís Montenegro e os seus homens mais próximos têm aquele pensamento.
“Acho grave que se tente passar de forma escondida a ideia de que só existe este caso porque alguns órgãos de comunicação social têm uma agenda contra o Governo”, salientou, ao mesmo tempo que criticou a “argumentação” por ser “ridícula”. “Mas as intenções estão lá“, sublinhou, acrescentando: “Acho absurdo o que está ali e acho ridículo um dos argumentos que está no artigo é que haveria interesses imobiliários obscuros que não querem a aprovação da nova lei porque fará baixar preços do imobiliário.”
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“Esse artigo tem apenas fontes em off, o que dá oportunidade ao Governo de negar que acha que está a ser alvo de uma cabala“, realçou o secretário-geral do PS. “Não me lembro do PS ter criado esta conversa em off quando tivemos uma cobertura jornalística sobre um conjunto de casos no governo muito intensa”, comparou o líder do PS, numa referência aos casos e casinhos dos tempos de António Costa.
Ainda sobre a empresa de Luís Montenegro, Pedro Nuno Santos deixou claro que “a exigência de transparência nunca fez mal a ninguém” e, confrontado com as declarações de Aguiar-Branco — que disse que está a ser criado um clima de “confusão” com polémicas sobre a lei dos solos e de políticos com participações em empresas imobiliárias — esclareceu que “os bons da política são os que não têm medo da transparência e do escrutínio”.
“As pessoas quando vêm para funções públicas têm de estar disponíveis para o escrutínio“, justificou, frisando que “uma coisa é o populismo, mentiras, exploração inaceitável de situações de vida privada , outra coisa é pedirmos transparência e respostas a perguntas fundamentais para escrutinarmos quem nos governa”.
Pedro Nuno Santos não concorda “nada com a ideia de que se está a exagerar no pedido de transparência que está a ser feito” e, como tal, considera que o primeiro-ministro “está a fugir à questão principal: é das pessoas com mais poder em Portugal e é por isso que tem um dever acrescido de transparência.”
“Já fizemos perguntas ao primeiro-ministro no debate parlamentar e não houve respostas a essas perguntas”, reiterou, reconhecendo que o PS está “a avaliar” o que mais pode ser feito: “As perguntas o PS já as colocou no debate. Avaliaremos se existe outra forma de chegar às respostas.”
observador